A era da preponderância das seguradoras sobre as oficinas

Dezembro 9, 2013

supremacia das seguradoras sobre as oficinasEstando numa posição de fraqueza em relação às oficinas de reparação automóvel, as seguradoras organizaram-se em conjunto, e tão bem o fizeram, que passaram a ser elas as dominadoras nos processos de reparação de veículos lesados em sinistros automóveis, relegando as oficinas para uma posição de fraqueza e dependência.

As ferramentas de orçamentação que antes se exigiam para melhor regular em o inventário de danos, passaram a existir.

Os construtores e empresas especializadas passaram a elaborar tabelas de preços de peças e passou a ser possível estabelecer-se um verdadeiro critério de regularização para um orçamento de colisão.

Se antes estava completamente por cima, a oficina perdeu totalmente o seu poder negocial e ficou à mercê das seguradoras e do que estava estipulado nas ferramentas de orçamentação.

E essas ferramentas pecavam por serem ideias e pouco reais. Delas constavam tempos de intervenção definidos pelos construtores de automóveis, só possíveis de alcançar em condições ótimas, difíceis de recriar nos cenários reais das oficinas nacionais.

Artigo redigido na perspetiva da oficina de reparação automóvel, que se sente injustiçada com as condições ditadas pela seguradora

Se o artigo anterior que relatava a preponderância das oficinas nas decisões relativas à reparação de sinistros com automóveis, foi redigido na perspetiva das seguradoras, que se sentiam impotentes para controlarem um processo em que eram elas as pagadoras, este artigo é escrito na perspetiva da oficina que se sente injustiçada com a mudança de realidade e que remete para as seguradoras, praticamente todas as tropelias que a fazem ser o elo mais fraco no processo de reparação da colisão.

As seguradoras, que em tempos estavam diminuídas, passaram para a mó de cima e sempre que necessário, usavam a peritagem para exercerem a sua força e esmagarem ainda mais as margens de lucro das oficinas no que à mão-de-obra e a peças diz respeito, chegando mesmo a atemorizar as oficinas com o boicote às reparações nelas realizadas, se não lhes fossem concedidos descontos.

Os peritos não aceitavam o custo de mão-de-obra praticado pela oficina e chegavam ao ponto de imporem o fornecedor das peças.

Não chegando a acordo com a oficina quanto ao preço da mão-de-obra, a companhia de seguros indemnizava o terceiro sem IVA, tendo este, depois, que tomar uma de três atitudes: (1) não realizar a reparação; (2) suportar o IVA na altura de pagar o conserto; (3) procurar uma oficina menos credenciada onde despendesse menos dinheiro e pudesse “fugir” ao pagamento do IVA.

As seguradoras passaram a dispor de redes de oficinas recomendadas e procuravam através do call center, desviar os clientes para essas oficinas, com as quais tinham acordo comercial.

E os clientes menos atentos e informados acabavam sentindo-se quase obrigados a entregarem a reparação das suas viaturas às oficinas aconselhadas pelas seguradoras.

As oficinas tinham ainda de colocar à disposição do cliente segurado, uma viatura de substituição durante o período de reparação do veículo, sendo este custo suportado por elas mesmas e não pela companhia de seguros.

Para terem negócio, as oficinas sujeitavam-se a estas condições e só não perdiam dinheiro se o volume de reparações fosse bastante elevado.

 

TOC e formadora em Contabilidade Financeira, Analitica e Fiscalidade. Colaboradora da Seguros Mais.

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