Investimentos das seguradoras portuguesas muito dependentes da banca

Junho 20, 2012

seguradoras apoiam bancaA seguinte constatação e preocupação advêm porventura da regra portuguesa, mas também europeia, das seguradoras serem detidas quase na sua totalidade pelos bancos.

Uma situação que inevitavelmente levanta conflitos de interesse e que são bem visíveis no que concerne à colocação da dívida emitida pelos bancos na carteira de investimento das suas companhias de seguros.

É disso precisamente que lhe falamos: as aplicações em instituições do setor financeiro representam 38 por cento do total da carteira de investimentos das companhias de seguros portuguesas. Falando em euros, são 17.6 mil milhões de euros.

E que fazem os bancos com estes valores neles injetados pelas suas próprias seguradoras? Investem-nos quase na totalidade na emissão da sua própria dívida, uma vez que o mercado se tem mantido fechado para estas emissões de dívida.

De acordo com os dados divulgados pela primeira vez pelo supervisor de seguros em Portugal, o ISP, o sector financeiro tem um peso de 71% no total do investimento realizado em dívida privada e em ações por parte do setor segurador.

As aplicações em dívida privada representam 52% da carteira, com um total de 24 mil milhões de euros, um valor muito acima do investimento em ações, que se fica por 707.8 milhões de euros – apenas dois por cento do total.

A situação ainda é mais preocupante na medida em que a esmagadora maioria dos fundos geridos pelas seguradoras destina-se a produtos de complemento de reforma, que pelas suas características preconizariam uma gestão mais prudente das carteiras.

O Instituto de Seguros de Portugal difundiu também dados referentes aos fundos de pensões geridos pelas seguradoras, que refletem uma realidade idêntica à do setor. Cinquenta e cinco por cento dos investimentos realizados em dívida privada e em ações (23% e 14% respetivamente do total), estão alocados ao setor financeiro.

Lembre-se que os fundos de pensões geraram em média um retorno negativo de 4% no ano passado, segundo dados do último relatório do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros.

 

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